Proposta por Isabel Varandas e Teresa Castro Laranjeiro
E, levantando-se, foi ter com o pai. Ainda estava longe quando o pai o viu, e enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
Lc 15, 20
I – Meditando a paz pela via do perdão:
“O perdão é um desafio, um acto de coragem (…) Não é esquecimento nem indiferença nem ingenuidade…
O perdão é um desafio porque se baseia na esperança de que a bondade (…) levará a acções menos desumanas.
O perdão é um acto de liberdade. Aquele que oferece o seu perdão não se deixa dominar pela maldade do inimigo…Cria uma relação nova. Relação que é um apelo a que o mal não tenha a última palavra.
O perdão é um acto criador: acolhido, reabre de forma positiva, ao adversário, a porta das relações sociais.”
Excertos de DUQUOC, Jésus, homme libre (1978), p. 106
II – Meditando a paz pela via da misericórdia:
É urgente olharmos para nós próprios de frente com a delicadeza e o amor com que Deus nos olha. Aceitarmos o que em nós há. As nossas feridas não são um obstáculo, são um apelo a vivermos a comunhão com Deus e com os outros. A fragilidade não está tão distante da cura como pensamos. A verdade profunda da nossa fragilidade não pode ser um empecilho à reconciliação, à paz e à alegria, mas um meio de chegar a elas. A nossa fragilidade, revista no olhar misericordioso de Deus, revela alguma coisa de importante acerca de nós mesmos, alguma coisa que precisamos de escutar.
José Tolentino de Mendonça, Rezar de olhos abertos, Quetzal, 2020, p. 78
III – Meditando a paz pela via da espera:
“… Tal como antecipavas, não levantei os olhos.
Por isso desceste tu até mim:
até aos meus pés…”
Louise Glück, A Ìris selvagem, trad. de Ana Luísa Amaral, Relógio D’Água, 2020.