Ivone Leal

Ivone LealA Ivone Freitas Leal foi durante muitos anos participante do Graal e a em cada reunião ou festa onde estivesse, a sua presença criava uma diferença marcante: de alegria e coragem, de frontalidade crítica e generosidade, de estímulo e amizade. Ninguém que tenha conhecido a Ivone poderá não lembrar a sua personalidade forte e tão calorosa. Deu ao Graal o melhor de si. Foi há muitos anos, mas nunca a esqueceremos. Este testemunho de seus Filhos é um retrato vivo desta grande Mulher:

 

“Redacção

 Gostamos muito dos nossos pais mas hoje só vamos falar da nossa mãe. A nossa mãe é a melhor mãe do mundo. Há pessoas que passam pela vida. Há pessoas que vivem a vida. Há pessoas que enchem a vida. A nossa mãe viveu e encheu a vida, a dela e a dos outros. Teve e criou – com o nosso pai – 6 filhos. Viu morrer uma filha e sobreviveu. Vivia para a família: era perdulária e transbordante. Encheu-nos a todos de cuidados e de afetos, mas também de sentido de responsabilidade, de solidariedade e de iniciativa. Foi exemplar babysitter dos netos, que eram para ela filhos por interposta pessoa.

Podia ter ficado por aqui. Mas não ficou. Fez-se à vida. Fundou e dirigiu – nos anos 1960 – a escola “Os Castores”, porque achava que os seus filhos e os filhos dos outros deviam ter uma educação boa e inovadora. Foi militante católica: na JUC feminina – de que foi presidente – e no Graal. Foi militante socialista – no PS mas também na candidatura de Lurdes Pintassilgo. Foi feminista. Esteve na Comissão da Condição Feminina, na revista “Faces de Eva” e fez investigação pioneira sobre a história das mulheres em Portugal.

Na família, com os amigos e na esfera pública, nunca esteve parada. Viveu os vários tempos do seu tempo intensamente: encheu-os com a sua energia e a sua disponibilidade. Era veemente mas sabia ouvir. Era emocional mas conservava sempre um forte sentido pragmático. Gostava de pessoas e das pessoas, interessava-se por elas, envolvia-se, acreditava, zangava-se quando era caso disso.

O céu dela é um céu que ela vai desassossegar, com ideias e projetos, onde vai poder continuar a pesquisa sobre história das mulheres em Portugal e a cuidar das pessoas que amou ao longo da vida. Lá ficará não em eterno descanso mas em eterna atividade. Nós por cá vamos continuar a sentir-lhe – muito – a falta. São sempre os melhores que se vão e a nossa mãe era a melhor mãe do mundo.”

 

João, Gonçalo, Ana Isabel, Tiago, António Maria, Francisco