Entre 28 de Julho e 1 de Agosto decorreu no Centro do Graal da Golegã a 5ª edição do programa «Mulheres, Teologia e Mística», este ano subordinada ao tema «Effathá! Abre-te ou percursos das mulheres na Igreja». Teresa Vasconcelos conduziu o grupo na descoberta da riqueza da vida e espiritualidade de Santa Teresa de Ávila. No início de cada dia, ouvia-se música composta por Catarina de Bolonha (séc. XV) enquanto Ondina Duarte lia magnificamente um poema escrito por Santa Teresa. E assim Teresa Vasconcelos iniciava a sua exposição, que sistematizou de acordo com os seguintes tópicos: Vida (história e contexto da sua vida); Comunidade (a reforma do Carmelo e a fundação de novos conventos, com nova regra); Oração e Contemplação; Teresa: Mística, Santa e Doutora da Igreja; do Êxtase à Ação – «Deus está dentro de nós e há um caminho para alcançá-lo».
Com Lorna Bowman (do Canadá) reflectiu-se sobre o «sentido espiritual e eclesial do compromisso das mulheres». Apresentou-nos, de uma forma muito sistematizada, os vários papéis e contributos que as mulheres assumiram desde o início do Cristianismo até hoje; como foram, muitas vezes, encaradas como «ameaça» e como lidaram com as limitações que lhes foram sendo impostas. Refez o percurso das mulheres desde a era apostólica e pós apostólica, o papel de virgens e viúvas, o monaquismo, a institucionalização da vida consagrada; no último dia vimos um filme sobre as Beguines: história, relações com a Igreja e a sociedade.
Lucy Kimaro (da Tanzânia) trouxe a experiência das mulheres e famílias do seu país ( e de outros países de África), de diferentes tradições religiosas, que convivem quotidianamente na realização das tarefas básicas da comunidade (construção e manutenção das habitações, trabalhos agrícolas, etc.) e como esse trabalho conjunto contribui para uma atitude de maior tolerância religiosa. Abordou também a questão de como, em algumas comunidades, o desconhecimento do outro pode gerar atos violentos, sublinhando a importância das mulheres na construção do diálogo inter-religioso.
Teresa Toldy ajudou a refletir sobre o percurso das mulheres pela teologia: a teologia feminista «coloca a experiência de vida das mulheres e da sua relação com Deus no centro». Na discussão que se seguiu, foi abordada a relação das mulheres com o ministério ordenado e a liturgia, tendo a Teresa sublinhado que hoje um dos aspetos mais importante na Igreja é «dar voz a quem tem uma voz diferente».
Tânia Pires falou da sua experiência de procura de Deus e como descobriu a iconografia. Ensinou que o ícone é a «a imagem que purifica» e que o iconógrafo tem um estilo de vida mais regrado de forma a «não contaminar o olhar», uma vez que tem como missão «levar a beleza de Deus ao mundo». Trouxe alguns dos ícones que escreveu e convidou o grupo a orar com ela – «a essência e razão última do ícone é a oração»
Ao fim da tarde havia um espaço de oração, conduzido por Marta Heidkamp, a partir de contributos vários: textos bíblicos, da tradição hindu e de poemas /canções de compositores americanos nativos.
Isabel Lereno
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