O seminário “tempos que correm: procurando novos equilíbrios nos usos do tempo das mulheres e dos homens” decorreu na tarde de 29 de setembro, no auditório da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), em S. Martinho do Bispo.
Este seminário foi promovido pelo Graal e coorganizado com a Escola Superior de Enfermagem, contou com o apoio financeiro da Comissão para a Cidadania e Igualdade (CIG).
Participaram neste seminário de mais de 160 pessoas, entre os quais profissionais de saúde, pessoas ligadas à academia (investigação, ensino e alunos/as), a diferentes organizações não-governamentais, ao poder local e ao Banco de Tempo.
O seminário desenvolveu-se em torno do tema da conciliação entre a vida profissional e a vida familiar/pessoal, um tema pleno de atualidade que reivindica a atenção de toda a sociedade (poder local e central, entidades empregadoras e sindicatos, organizações da sociedade civil, das mulheres e dos homens) dado que um maior equilíbrio entre as esferas de vida é fundamental para o aumento da qualidade de vida nas sociedades contemporâneas e para a concretização da igualdade de oportunidades entre mulheres e homens.
O Encontro teve início com as palavras da anfitriã: Conceição Bento, Presidente da Escola Superior de Enfermagem. Seguiu-se Lídia Martins, membro do conselho coordenador do Graal que se referiu à centralidade do tema da conciliação trabalho-família na ação do Graal.
Finalmente, tomou a palavra a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, que trouxe um contributo relevante para reflexão sobre o tema que nos reuniu naquela tarde e deixou palavras calorosas de reconhecimento do percurso do Graal.
No final da sessão de abertura, assinou-se um protocolo de colaboração entre o Graal e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra que veio formalizar a frutífera colaboração que existe, há mais de uma década, entre as duas organizações signatárias.
Seguiu-se a intervenção de María Angéles Durán (Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha), uma das mais conceituadas cientistas sociais da atualidade e cujo trabalho se tem desenvolvido no aprofundamento da compreensão da relação dialética entre a vida privada e a pública.
Na comunicação intitulada “economia do dinheiro e economia do cuidado” María Angéles Durán distinguiu estes dois tipos de economia, considerando que a economia do dinheiro invisibiliza o contributo das mulheres na economia em todos os países. Analisou os papéis económicos dos homens e das mulheres e problematizou as consequências para estas últimas da carga de trabalho não remunerado que assumem, associada ao cuidado de dependentes. Chamou a atenção para a previsível tradução das alterações tecnológicas e demográficas (aumento da esperança de vida e diminuição da natalidade) no aumento das necessidades de cuidado nas próximas décadas e lançou pontes para se pensar o futuro que construímos hoje!
Seguiu-se a comunicação de Ana Brázia, investigadora do Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS) que apresentou os principais resultados do Inquérito Nacional aos Usos do Tempo de Homens e de Mulheres, promovido pelo CESIS em parceria com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).
A terminar o painel duas professoras da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Maria Neto e Cristina Veríssimo, apresentaram na sua comunicação dados da investigação que evidenciam ganhos associados à participação ativa dos pais na vida das crianças e partilharam o percurso e os contributos dados pela ESEnfC na promoção da paternidade ativa nas unidades de saúde.
Margarida Santos fez um balanço dos trabalhos, pondo em evidência a qualidade das comunicações e a riqueza do debate. As suas palavras antecederam a intervenção de encerramento da Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Teresa Fragoso, que deixou um sinal claro da prioridade política atribuída ao tema da conciliação entre e a vida profissional e familiar/pessoal e sublinhou a importância da sensibilização para a correção das desigualdades entre homens e mulheres que têm condicionado projetos e percursos e limitado a influência das mulheres, sobretudo, na esfera pública.
E porque nem só de reflexões e causas se fez a história deste seminário importa lembrar um momento de poesia no qual Jorge Neves (antigo coordenador da agência do Banco de Tempo de Ílhavo) disse, com brilho, a calçada de Carriche de António Gedeão, e lembramos ainda o “tempo para café” e as conversas e (re)encontros propiciados que contribuíram também para que este seminário ficasse nas nossas memórias!
Filme do Seminário “Tempos que correm…”
https://www.youtube.com/watch?v=U-cFjpSignI
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