Terça-feira, dia 24 de abril de 2018
Quase um mês depois do meu regresso a Portugal, a poeira que o CSW levantou ainda não assentou completamente. Foram 18 dias intensos que dificilmente se transportam para palavras. Na minha memória, ainda se movimentam as vozes distantes de cada uma das pessoas que me acompanharam ao longo desta experiência. Elas foram, sem dúvida, o que fez com que tudo fosse diferente.
Eramos 25 mulheres, de países, idades e culturas díspares. E, apesar de todas termos experiências de vida distintas e de podermos, à partida, ser consideradas como pessoas totalmente diferentes, todas tínhamos o mesmo objetivo: o de unir as nossas vozes na luta pela igualdade de género. Era com esse objetivo em mente que, diariamente, nos levantávamos para assistir a conferências dentro e fora da Organização das Nações Unidas (ONU).
As conferências que tinham lugar dentro da ONU eram organizadas quer pelos seus órgãos, entre os quais a ONU Mulheres, quer pelos Estados-membros desta organização. Já aquelas que eram organizados fora das instalações da ONU eram preparados por organizações não governamentais. Todos, de forma geral, abordavam os temas principais desta sessão do CSW, mas através de pontos específicos. Contudo, diferenciavam-se pela proximidade com a realidade. Na minha opinião, e sem querer generalizar, alguns dos eventos organizados dentro da ONU tinham contornos propagandísticos. Ainda assim, é importante observar que, pelo menos duas das conferências a que assisti, organizados tanto pelos órgãos da ONU como pelos seus Estados-membros, foram relevantes por ter uma vertente de conhecimento empírico muito significativo.
Assim como começavam, os dias em Nova Iorque terminavam de forma intensa. Era a altura do dia em que nos uníamos para partilhar experiências e para agradecer as coisas boas que nos tinham acontecido. A música estava também muito presente e era habitual encontrarmo-nos a cantar de forma emocional e viva músicas que tínhamos aprendido no dia anterior, mas que já significavam muito para cada uma de nós.
Aprendemos a viver em comunidade, criamos uma família com pessoas que até ali não conhecíamos e passamos a confiar em cada uma daquelas 24 mulheres como se da nossa mãe se tratasse. Percebemos, realmente, que as diferenças não são nada quando o nosso principal objetivo é tão grande. Experimentamos o amor no seu lado mais nobre, bondoso e corajoso.
Quase um mês depois do meu regresso a Portugal, sinto que esta experiência foi realmente marcante e funcionou como um ponto de viragem na minha vida. Há muito a fazer, é verdade. Mas também há muita gente com força e energia suficientes para fazer a diferença. E todas juntas vamos mudar o mundo.
Obrigada ao Graal, por esta oportunidade que me mudou e me
fez crescer muito, e obrigada ao Girl Effect Coimbra, por ser
o melhor grupo do mundo.
Sofia Moreira
APOIO
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