A Formação em Liderança para Jovens Raparigas foi uma das maiores aventuras que já vivemos. O ambiente de Moçambique, aliado às incríveis mulheres oriundas de 11 países e à excelente organização e hospitalidade com que fomos recebidas, fez com que as semanas que vivemos juntas fossem tão, mas tão especiais.
Aprendemos muito. E quando dizemos muito, não estamos a exagerar. Em todos os sentidos. Aprendemos sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e, de modo geral, abordámos uma boa parte deles: igualdade de género, água e saneamento, alterações climáticas, educação de qualidade, fome e pobreza. Aprendemos sobre liderança, sobre o quão difícil é guiar um grupo e o quão necessário é que todo o processo de atuação comunitária e ativismo seja feito de forma pensada. Tivemos a oportunidade de visitar projetos locais, o que foi muito importante para percebermos a verdadeira realidade do país, as dificuldades, os desafios que enfrentam para conseguirem colocar em ação um projeto, sobretudo os de grande dimensão. Exemplo disso foi o projecto “Amandha”, que visa a implementação de saneamento e a promoção da educação, onde as pessoas estão a começar a aprender coisas tão básicas para nós, como lavar as mãos. Aprendemos sobre questões muito práticas, como elaboração de orçamentos ou angariação de fundos, realidades e desafios que vamos enfrentar no agora, ao implementar os nossos projetos “na vida real”.
Mas não foi só conceptualmente que aprendemos. Viver em comunidade foi, por si só, enriquecedor. Partilhámos histórias, experiências, conhecimento. Refletimos juntas, todos os dias, sobre assuntos que nos preocupavam. O que se passa em Portugal não é, de todo, o mesmo que se passa na Tanzânia ou no México, e essa partilha foi fundamental para que percebêssemos a dimensão dos problemas e o quanto as nossas realidades são diferentes. Percebemos ainda o quanto temos em comum e como os nossos objetivos acabam sempre por se entrelaçar e se focar num único. Prova disso foi uma das diversas atividades que desenvolvemos, onde tivemos de enumerar o nosso ODS preferido. Descobrimos que, apesar da dimensão do problema ser muito diferente de país para país, a igualdade de género é algo comum a todas nós e ao nosso trabalho.
Vivemos tudo isto. Vivemos muito mais do que isto. E claro, houve desafios: a adaptação a uma realidade totalmente diferente da nossa – a de Moçambique – foi engraçada. É um país tão diferente, com hábitos e costumes tão diferentes. Toda essa adaptação foi incrível. A comunicação foi também um desafio. Com mulheres de 11 países, seria sempre difícil que todas conseguissem comunicar na perfeição.
Nós, as portuguesas, sabemos falar inglês. Mas algumas das nossas companheiras não sabiam. Então, a parte da tradução foi também uma aprendizagem. Também houve temas que foram muito desafiantes para nós, como a questão da religião, as diferentes fés e diferentes opiniões e modos de vida perante isso. O tema das comunidades indígenas foi também desafiador, porque em Portugal não é um assunto que abordemos com frequência, e para nós foi difícil falar sobre o assunto, atendendo que tínhamos muito pouca informação. Esta formação serviu também para sairmos da nossa zona de conforto e refletir sobre diversas questões que não nos eram familiares ou que pelo menos nunca as tínhamos trabalhado, e isso foi muito interessante e importante para o nosso crescimento.Há muito a fazer. E nós sentimo-nos preparadas para continuar o trabalho iniciado em Moçambique. Mais do que isso: sabemos o que queremos fazer, como, e com quem contar!
Elsa e Mónica, participantes portuguesas do programa.
The Young Women Leadership Training Program was one of the biggest adventures we ever lived. The environment of Mozambique, connected to all the incredible woman and the excellent organization and hospitality, made those 2 weeks that we lived together be very special.
We learned a lot. And when we say a lot, we are not overreacting. We learned a lot in every way.
We learned about the sustainable development goals from ONU, and in a general way, we spoke about gender equality, water and sanitation, climate change, quality education, poverty and hunger. We learned about leadership, and how difficult it is to guide a group of people and how necessary it is all of the action community process and activism in an organized way. We also had the opportunity to visit some rural projects, which was really important for us to understand the reality of Mozambique, the challenges they have to face to implement a project, especially those who are big, like “Amandha”, a sanitation and education project, where people are starting to learn some basic things like wash their hands properly. We also learned some practical things like how to make a budget and fundraising, and the challenges and realities of what we are going to face to get them, to implement our own projects in “real life”.
But it isn’t just it. Living in community was really enriching. We shared stories, life experiences, and knowledge. We reflect together, every day, about the things we are worried. What is happening in Portugal its nothing like what is happening in Tanzania or Mexico, and that kind of sharing was important for us to understand the proportion of problems and how different our realities are. But at the same time we understand how much we all have in common and how our goals are similar, in one of the many activities we did, we had the chance to see that besides all of our differences we all have one ODS in common, one that we all are concerned about and all work this subject in our countries, the ODS 5, gender equality.
We lived all of this in those 2 weeks. And so much more. Of course, there was some challenges that we had to face, the adaptation to this country that was really funny. It’s such a different country, with different habits and costumes. All this adaptation process was amazing. Another issue was the communication, there was 11 countries present and it’s always hard to communicate with all of us in a perfect way. Some of us didn’t knew English very well. So learning English and trying to communicate with each other was another learning part. There was some subjects that were also a challenge for us, speak about religion and all types of faith, we all had some different ways of living and expressing our faith and another subject was the indigenous communities, we spoke a lot about that, and for us, Portuguese ones, was hard to discuss that subject since in Portugal we don’t have those kinds of communities. But all of this was really important for our own growth and to leave our comfort zone and speak about the things that we have never spoked before.
There is still a lot of work to do. We feel that we are ready to continue the work we had started in Mozambique. More than that: now we know what we want to make, how we will do it and who we can count on.
Thank you.
Elsa e Mónica, portuguese participants in the program.
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