Círculos bíblicos

Maria de Lourdes repetia e fazia suas as palavras do diretor do jornal La Croix: 

o meu lugar de trabalho é o acontecimento. 

O acontecimento noticiado, postado, disseminado. O acontecimento existencial, concreto, vivido, tocado e sentido. O acontecimento como história e lugar onde Deus se revela e se faz presente ao mundo.  O Acontecimento Jesus. O acontecimento Fé.

Fátima Grácio, Loreto Paiva Couceiro e Maria Carlos Ramos

Na expressão de Isabel Allegro, a cada acontecimento há ‘um filtro de um depois’, uma narrativa que faz emergir e plasma a experiência, os valores, o que acreditamos e tudo quanto compõe as nossas vidas e lhe tece um sentido. Esse filtro prioriza ou secundariza, enche ou esvazia o sentido do acontecimento vivido e narrado, nele detetamos os altos e os baixos, os cotovelos e os planos do tempo, do nosso tempo.

Em 1976, Portugal vivia um ‘cotovelo’, um tempo de viragem… sabia-se que era a democracia, mas até onde ia, o que significava, o que nos exigia… não se sabia.  Precursoras de um tempo que não sabiam, no Graal, mais concretamente Teresa Santa Clara, lançava uma proposta, que em Portugal era uma novidade profética: os Círculos Bíblicos.

Os Círculos Bíblicos partiam da convicção de que Deus é Acontecimento, que Deus se faz ao mundo (Emanuel) e é no mundo e através do mundo e, por isso, no tempo e em cada tempo que se dá a conhecer, que se revela e nos desafia. Era a Teologia da Esperança, dos anos sessenta, a ecoar, a dar corpo e sentido à revolução do 25 de Abril, na vida dos cristãos em Portugal.

 

Em cada tempo a pergunta pela fé é um imperativo: o que é a fé? o que acrescenta aos nossos dias? o que vê a fé que outras dimensões não veem? que leitura nos traz ao real concreto? move montanhas ou deixa-nos soterrados nelas?

A dimensão profética dos Círculos Bíblicos assenta precisamente aqui: na leitura da vida e do mundo na e a partir da fé, esse filtro às vezes opaco, às vezes transparente, outras luminoso, que nos conduzirá a uma vida consentida e com sentido. É neste exercício constante que a Fé se atualiza e o Deus connosco se há de revelar na bagatela do quotidiano, na sociedade democrática, poliédrica, multifacetada e secularizada.

A proposta para este Tríduo Pascal é a de exercitar a fé a partir da metodologia dos Círculos Bíblicos. Num tempo em que o acontecimento nos chega ao segundo, optámos partir de temáticas que atravessam os nosso dias, propondo a leitura critica dos acontecimentos e o confronto destes com o texto bíblico. 
Tratando-se de círculos, no plural, fica o convite a cada uma / um de, a partir do lugar em que se encontra e dentro dos Grupos de Pertença, ou do seu circulo de amigos e conhecidos, formar um Círculo Bíblico e desafiar, aqueles que quiserem, a tomar parte deste aprofundamento da fé e da cidadania ativa. 

«Todas as vidas cabem na imagem quotidiana do pão que se parte e reparte. As vidas são coisas semeadas, crescidas, maturadas, ceifadas, trituradas, amassadas: são como pão. Não apenas degustamos e consumimos o mundo: dentro de nós vamos percebendo que o tempo também nos consome, nos gasta, nos devora. Somos uma massa que se quebra, uma espessura que diminui.

A questão é saber com que sentido e intensidade vivemos este tráfico inevitável. Todos nos gastamos, certo. Mas em que comércios? Todos sentimos que a vida se parte. Mas como tornar esse facto trágico numa afirmação fecunda e plena da própria vida?

Por isso espantam as palavras de Jesus. Ele pegou no pão e disse: “Tomem e comam, pois este pão é o meu corpo entregue por vós”. A Eucaristia, por vezes repetida como mero culto ou rotineiro signo de pertença sociológica, é, na verdade, o lugar vital da decisão sobre o que fazer da vida. Todas as vidas são pão, mas nem todas são Eucaristia, isto é, oferta radical de si, entrega, doação, serviço. Todas as vidas chegam ao fim, mas nem todas vão até ao fim no parto dessa utopia (humana e divina) que trazem inscrita. É destas coisas que a Quinta-feira Santa fala.»

Tolentino Mendonça, in Diário de Notícias (Madeira), 23.04.11

1 – Leitura da Vida
Voltar à normalidade. É a frase destes dias. Há desejo de que o quotidiano volte ao que era. Mas também têm surgido vozes a proclamar que regressar à normalidade nem pensar, se por isso estivermos a nomear décadas que arruinaram sistemas de saúde, de habitação, segurança social e o ambiente, colocando-se o lucro privado à frente do bem-estar das comunidades e do planeta.
(…)
O que está a acontecer não tem nenhuma virtude. Mas também não é um castigo divino da natureza, ou uma guerra, como o poder político nos faz crer, quando o momento deveria ser o de afirmar a semântica da empatia, da solidariedade, dos cuidados, do conhecimento e da cooperação, tanto micro-local como global.  (…)

(Vítor Belanciano, Não queremos voltar à normalidade, in Público, 5 Abril 2020)

•    Também nós temos o ‘desejo de que o quotidiano volte ao que era’? Que queremos dizer com isso?
•    No voltar à ‘normalidade’ que conjecturas fazemos? Que outros rumos pensamos a nível pessoal e colectivo? Porquê?
•    A que ‘normalidades’ queremos voltar? Que ‘normalidades’ queremos rejeitar? Que ‘normalidades’ queremos inventar? Quais? Porquê? Como?

2. Leitura da Palavra de Deus (I Coríntios, 11, 23-26)
Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus na noite em que era entregue, tomou pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim». Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim.» Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha. 

(Bíblia dos Capuchinhos on-line)

•    No voltar à ‘normalidade’, contam-se os actos de culto religioso. A Celebração Eucarística apresenta-se entre os primeiros.
     Que lugar tem a Eucaristia na nossa vida?  Porquê?  
•    É a Eucaristia ‘um local vital da decisão sobre o que fazer com a nossa vida’ pessoal e colectiva? Porquê? Como?

Sexta-Feira SantaO sentimento que largos milhões de mulheres e de homens provam nesta hora é, nada menos, de que uma radical expropriação da sua humanidade aconteceu. O elenco e a natureza das coisas que nos estão vedadas é impressionante e isso representa um empobrecimento brutal da vida. Pensar que estão suspensas dimensões elementares como a proximidade entre nós humanos, (…) Ou, então, como nestas poucas semanas disparou o desemprego, a precaridade, a pobreza e a solidão. Quando nos damos conta do que está a acontecer é impossível não se sentir expropriado de algo que é (ou deveria ser) universalmente sagrado. Ora esta confiscação da existência é a condição vivida na primeira pessoa por Aquele que foi suspenso na cruz. Por isso nenhuma dor, nenhum pranto, nenhum medo, nenhum confinamento humano  lhe é verdadeiramente indiferente. A cruz de Cristo expressa de um modo escandalosamente novo o espaço de Deus no mundo.

Tolentino Mendonça, Sexta-feira santa no mundo, in  Revista Expresso, 4 de Abril 2020 

 


1 – Leitura da Vida

Num relatório intitulado “O Preço da Dignidade”, a Oxfam indicou que entre 6% e 8% da população mundial pode cair na pobreza, devido à paragem das economias para controlar a propagação do vírus.
“Isto pode significar à escala mundial um recuo de dez anos na luta contra a pobreza e um recuo de 30 anos em certas regiões, como a África subsariana, o Médio Oriente ou a África do Norte”, com mais de metade da população mundial ameaçada de cair em situação de pobreza após a pandemia, diz a Oxfam.

(Lusa, in Público on-line, 9 de Abril 2020)

•    Que preço tem a dignidade humana?
•    Conseguimos nomear as nossas ‘expropriações’ ou ‘confiscações’? Quais são? Que dignidade conferiam à nossa vida?
•    Conseguimos nomear as ‘expropriações’ e ‘confiscações’ dos outros? Dos migrantes? Dos sem abrigo? Dos indocumentados? Dos desempregados? Dos dependentes? … Quais são? Que dignidade conferiam às suas vidas?


2. Leitura da Palavra de Deus (João 18-19)

Então, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe: «Eu tenho falado abertamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque me interrogas? Interroga os que ouviram o que Eu lhes disse. Eles bem sabem do que Eu lhes falei.»
Quando Jesus disse isto, um dos guardas ali presente deu-lhe uma bofetada, dizendo: «É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?» Jesus replicou: «Se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque me bates?» Então, Anás mandou-o manietado ao Sumo Sacerdote Caifás.
Entretanto, Simão Pedro estava de pé a aquecer-se. Disseram-lhe, então: «Não és tu também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo: «Não sou.» Mas um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe: «Não te vi eu no horto com Ele?» Pedro negou Jesus de novo; e nesse instante cantou um galo.
De Caifás, levaram Jesus à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa.
Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: «Que acusações apresentais contra este homem?» Responderam-lhe: «Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos.» Retorquiu-lhes Pilatos: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei.» «Não nos é permitido dar a morte a ninguém», disseram-lhe os judeus, em cumprimento do que Jesus tinha dito, quando explicou de que espécie de morte havia de morrer.
Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?» Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?» Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?» Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.» Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.» Pilatos replicou-lhe: «Que é a verdade?»
Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: «Não vejo nele nenhum crime. Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?» Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: «Esse não, mas sim Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador. (…)
Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» 

Assim se cumpriu a Escritura, que diz:
Repartiram entre eles as minhas vestes
e sobre a minha túnica lançaram sortes.

E foi isto o que fizeram os soldados.


(…) Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!»
Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. (…)
É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso. E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram.          

 (Bíblia dos Capuchinhos on-line)

•    Conhecemos esta narrativa, ouvimo-la repetidamente. Aqui, propomos-vos que leiam demoradamente a narrativa: Há alguma coisa de novo? Que ‘confiscações’, que ‘expropriações’ se dão? 
•    O que se revelou, hoje, de novo? Qual foi a palavra? A cena? As personagens em que ficámos suspensas? Porquê? 
•    “A cruz de Cristo expressa de um modo escandalosamente novo o espaço de Deus no mundo.” – que novidade encontramos na cruz de Cristo?  Que diferença faz no mundo? Como a vivemos na nossa vida?

 

Sábado Santo

O sábado santo não é apenas um dia imenso: é um dia que nos imensa. Aparentemente representa uma espécie de intervalo entre as palavras finais de Jesus pronunciadas na sexta-feira santa, “tudo está consumado”, e a Insurreição da vida que, na manhã da Páscoa, Ele mesmo protagoniza. O sábado tem assim um silêncio que não se sabe bem se é ainda o da pedra colocada sobre o túmulo, ou se é já aquele misterioso silêncio que prepara “o grande levantamento” que a ressurreição significa. Este “intervalo”, esta terra de ninguém, este tempo amassado entre derrotas e esperança, entre provação e júbilo é o da nossa vida. O silêncio do sábado santo é o nosso silêncio que Jesus abraça. O silêncio dos impasses, das travessias, dos sofrimentos, das íntimas transformações. Jesus abraça o silêncio desta sôfrega indefinição que somos entre já e ainda não.

Tolentino Mendonça, in Diário de Notícias  (Madeira), 23.04.11

La confidence du silence, MARC HANNIET

 

1 – Leitura da Vida

Muitas medidas de emergência a curto prazo tornar-se-ão um aspecto da vida. Essa é a natureza das emergências. Aceleram processos históricos. Decisões que em épocas normais poderiam levar anos de deliberação são aprovadas em algumas horas. Tecnologias imaturas e até perigosas são postas a uso, pois os riscos de não fazer nada são maiores. Países inteiros servem de cobaias em experiências sociais de larga escala. O que acontece quando toda a gente trabalha a partir de casa e comunica só à distância? O que acontece quando escolas e universidades inteiras transitam para o online? Em épocas normais, os Governos, as empresas e os conselhos de educação jamais aceitariam levar a cabo essas experiências. Mas esta não é uma época normal.
Neste tempo de crise, enfrentamos duas escolhas particulares importantes. A primeira é entre a vigilância totalitária e o empoderamento dos cidadãos. A segunda é entre isolamento nacionalista e solidariedade global.

Yuval Noah Harari, in Revista Expresso 4 de Abril 2020


•    Neste tempo que ‘nos imensa’ há sinais particulares, que entrevemos no ‘silêncio dos impasses’ das notícias que nos chegam diariamente? Que sinais são esses? Como os deciframos? O que nos apontam? 

 

2. Leitura da Palavra de Deus (Mateus 28, 1-10)

Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro. Nisto, houve um grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela. O seu aspecto era como o de um relâmpago; e a sua túnica, branca como a neve. Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos. Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres:
«Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia e ide depressa dizer aos seus discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.’ Eis o que tinha para vos dizer.»
Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos. Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.» 

(Bíblia dos Capuchinhos on-line)


•    Nesta pequena perícope, por duas vezes, encontramos a advertência às mulheres: ‘não tenhais medo’, ‘não temais’ – o que é que elas temiam? Porquê? 
•    O que é que nós tememos? Porquê?
•    As mulheres correram a dar a notícia, ‘cheias de temor e de grande alegria’ – nestes dias, temos vivido esta dúplice experiência de temor e de alegria? Como?
•    Que notícia nos faz correr, hoje?

 

Domingo da Ressurreição

Manhã de Domingo
É quase paradoxal o modo como os Evangelhos contam a Ressurreição. Desconcerta que não exista, nos discípulos, uma crença imediata, que não considerem as provas avançadas sem refutação ou não tomem os primeiros testemunhos por inabaláveis. A notícia da Ressurreição começa por ser vivida com suspeita, desconfiança, receio, distância. A frase de Tomé, “Se eu não o vir não acredito”, é, no fundo, a posição de todos. A notícia circulava em voz baixa, como uma insinuação que não era tomada muito a sério. Os dois discípulos de Emaús já a tinha ouvido, mas mesmo assim estavam dispostos a abandonar tudo. Contudo, o anúncio da Ressurreição vai crescendo. 

Mesmo não acreditando nas mulheres, Pedro e João correm ao sepulcro. E João vê o silêncio dos sinais e acredita. Os dois discípulos foragidos reconhecem Jesus numa hospedaria de estrada e regressam a Jerusalém. O próprio Ressuscitado vem ao encontro de Pedro e dos discípulos atravessando as portas que eles tinham fechado. E Jesus estende as mãos às dúvidas de Tomé. Pouco a pouco, é em torno àquilo que primeiro declararam impossível que eles se reúnem e vivem. 

A dúvida de Tomé, CARAVAGGIO

Recordo-me do conselho despretensioso que um Padre do Deserto dava a quem o interrogava insistentemente sobre os mistérios de Deus:

“Entra apenas. Permanece até ao fim. E sai mudado”.

Tolentino Mendonça, in Diário de Notícias (Madeira), 23.04.11

 

Cantemos em círculo
ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!