Proposta por Rute Salvador
Como posso eu ter a certeza disso, se já estou velho e a minha mulher também?
Isabel e Zacarias: ela, de família sacerdotal; ele, sacerdote no Templo de Jerusalém. Justos e cumpridores exemplares da Lei e dos preceitos religiosos, são-nos apresentados como um casal, avançado na idade, que não tinha o que era mais precioso aos olhos da sociedade em que viviam: um filho.
O anúncio do nascimento de João surge de forma inusitada, perturbando o conformismo de Zacarias. Ele tinha, claramente, perdido a esperança de ser pai. A espera tinha sido demasiado grande. “Como posso eu ter a certeza disso, se já estou velho e a minha mulher também?.” (Lc 1,18) A questão que este homem coloca ao anjo Gabriel, este pedido de um sinal que contrarie a lógica, revela a sua dúvida, a sua incredulidade… mas o sinal é dado: não poderá falar até ao nascimento do seu filho.
E Isabel? A sua reação inicial não faz parte da narrativa do Evangelho. Porém, ao fim de cinco meses de gravidez, encontramos uma mulher que reconhece a ação de Deus na sua vida (Lc 1, 25) e inferimos, pelas suas palavras, quão dura fora a sua espera, numa sociedade em que não ter filhos, para uma mulher, era motivo de vergonha e de discriminação. A sua alegria é a de quem experimenta o Amor de Deus.
Quantas vezes não é a nossa incredulidade que fala mais alto do que a nossa fé? Quantas vezes não fomos (somos) nós a pedir sinais, como Zacarias? No ritmo do nosso dia-a-dia, quantos são os dias em que não paramos para sentir e agradecer a Deus pela Sua presença?
Paremos, pois! Ouçamos a voz de Deus no silêncio, na música, na natureza, na presença do outro. Reconheçamos a Sua ação nas pequenas coisas e deixemos que nos surpreenda em cada momento.
Estamos prestes a celebrar o Natal. Jesus veio. Jesus continua a vir. Amanhã, na próxima semana, no próximo ano, em cada dia das nossas vidas. Encontremos tempo e espaço para acolher a sua vinda, para celebrar a sua chegada, para viver e partilhar o Seu Amor.
